O
desembargador Djalma Martins decretou, por volta das 16h desta
sexta-feira (7), a prisão preventiva de Adail Pinheiro (PRP), prefeito
do município amazonense de Coari. O ato se deu após o Ministério Público
do Estado (MPE/AM) mover nova denúncia junto ao Tribunal de Justiça do
Amazonas (TJ-AM) contra o político, suspeito de chefiar uma quadrilha de
exploração sexual de crianças e adolescentes, entre outros crimes.
Na
manhã desta sexta-feira, o MPE ingressou uma nova denúncia junto ao
TJ-AM onde pedia a prisão preventiva de Adail Pinheiro e outras cinco
pessoas, que não tiveram o nome revelado por se tratar de um processo
que corre em segredo de Justiça.
O
presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, Ari Moutinho, pediu para
que a denúncia fosse distribuída eletronicamente e foi parar nas mãos
do desembargador Cláudio Roessing, que pediu a redistribuição, alegando
ser de área incompatível com a denúncia que apura crimes no âmbito
penal.
Em
redistribuição, o pedido do MP foi analisado pelo desembargador Djalma
Martins, que concedeu as prisões preventivas: dos sete denunciados, o
MPE solicitou a prisão de seis, já decretadas.
Segundo
a assessoria de comunicação do TJ-AM, a decisão foi encaminhada
eletronicamente à Delegacia Geral de Polícia, que deverá cumprir
imediatamente os mandados nos endereços informados pelo MP na denúncia.
De
acordo com o Procurador-Geral de Justiça, Francisco Cruz, a medida foi
tomada para garantir a segurança de outras vítimas. “Me convenci da
necessidade da decretação preventiva não só para garantir a correta
instrução do processo como para evitar que novas crianças pobres e
desprotegidas sejam vítimas dos desvios sexuais do prefeito”, afirmou
Cruz.
Para
formalizar a denúncia, a Procuradoria-Geral de Justiça do MPE/AM tomou
como base investigação feita pelo Centro de Apoio e Combate ao Crime
Organizado (Caocrimo), que ouviu, em Manaus e em Coari, garotas que
relatam terem sido vítimas de exploração sexual praticadas pelo
prefeito. Adail Pinheiro nega as acusações e diz que é vítima de
perseguição política patrocinada por adversários.
Denúncias antigas
O
envolvimento de Adail com crime exploração sexual de menores foi
revelado pelas escutas telefônicas obtidas através da Operação Vorax,
deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) em
maio de 2008. A operação que se investigava um esquema de fraudes em
licitação e desvio de verbas públicas federais na segunda gestão de
Adail (2005-2008), acabou por evidenciar uma rede criminosa, que
aliciava garotas menores de idades para manter relações sexuais com
Adail.
A
rede era formada por secretários do município, agentes de modelo e os
próprios pais de garotas pobres, que ofereciam os encontros sexuais em
troca de favores financeiros do prefeito da cidade, como dinheiro,
emprego e utensílios domésticos. Alguns depoimentos de vítimas foram
feitos à CPI da Pedofilia do Senado, presidida pelo senador Magno Malta,
em 2009. Novas vítimas também foram ouvidas pela CPI da Pedofilia da
Câmara dos Deputados, que esteve em Coari e Manaus no ano passado.
O
MPE diz que as denúncias de exploração sexual são antigas. Uma mulher
relatou em depoimento ao MPE ter sido estuprada por Adail quando tinha
10 anos e que recentemente o prefeito de Coari estaria aliciando sua
filha da mesma idade.
Outra
denúncia que chegou no fim de 2013 ao MPE, por meio do conselho tutelar
de Coari, é de uma menina de 13 anos que contou que estava sendo
obrigada pela mãe a ter relações sexuais com o prefeito em troca de
dinheiro.
Terceiro mandato
Adail
ficou sem cargo eletivo de 2009 a 2012, quando voltou a concorrer ao
terceiro mandato de prefeito de Coari, vencendo o adversário Magalhães. O
TSE deve por a julgamento em breve o recurso do Ministério Público
Eleitoral do Amazonas (MPE/AM) que pede cassação do registro de Adail
com base da Lei do Ficha Limpa.
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