Cinquenta e oito pessoas de 17 famílias
ribeirinhas que moram na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do
rio Negro, a 25 quilômetros de Manaus, passaram a ter energia elétrica
24 horas por dia.
Há mais de dez
anos, moradores das comunidades Tumbira e Santa Helena na RDS Rio Negro
tinham apenas quatro horas diárias de energia elétrica fornecidas por um
gerador movido a diesel. O equipamento consumia, em média, 1,2 mil
litros de combustível e jogava 1,3 toneladas de dióxido de carbono (CO2)
no ar, poluindo o meio ambiente.
Há
cinco meses, a comunidade ‘ganhou’ um projeto inovador de energia limpa
gerada por meio de placas solares com um sistema automático que armazena
energia em baterias autorecarregáveis que adaptam a tensão para o
consumo residencial. O programa foi implantado pela empresa
internacional Schneider Electric, especialista em geração de energia, em
parceira com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
Além
de sistema anterior de energia ser prejudicial ao meio ambiente, a rede
elétrica que existia na comunidade também era precária e oferecia risco
de curto-circuito e incêndios. A empresa Schneider doou todos os
equipamentos para substituir o que existente no local. Dois moradores
foram capacitados com o curso de instalador elétrico residencial para
usar o conhecimento adquirido em Manaus, na própria reserva.
O
serviço de troca envolveu desde o interruptor, lâmpadas e fiação até os
postes de iluminação pública. A substituição dos equipamentos gerou uma
economia de 1,5 mil waltts de energia que é revertida para o consumo
das residências. “Antes dependíamos de um eletricista que vinha de
Manaus. Hoje nós mesmos fazemos o serviço, com padrão de qualidade”,
disse Marcos Renato Garrido, 19, um dos dois eletricistas
recém-certificados da comunidade.
Outra realidade
A
implantação da energia limpa mudou a realidade da reserva. Os moradores
não tinham como armazenar alimentos em geladeiras ou freezers ou usar
aparelhos eletrônicos. Água gelada era obtida apenas durante algumas
horas. Hoje, os moradores se orgulham de atos comuns para quem mora na
cidade: acionar um interruptor, assistir televisão ou ligar um
ventilador.
A mudança também levou um
número maior de visitantes para a comunidade Tumbira, que sobrevive do
turismo sustentável. O único comércio do local passou a vender mais,
principalmente com a comercialização de bebidas geladas.
Para
o presidente da Schneider Electric do Brasil, Tânia Consentino, o
projeto prova que é possível, com os parceiros certos, transformar uma
ideia em um projeto prático que pode ser executado em pouco tempo. O
presidente da comunidade Tumbira, Roberto Brito Mendonça, diz que a
iniciativa melhorou a qualidade de vida das pessoas que vivem na
comunidade. “Nossas vidas foram transformadas nos últimos cinco meses.
Isso mostra que é possível ter energia limpa e renovável sem desmatar a
floresta”, disse.
Segundo o
superintendente da FAS, Virgílio Viana, o projeto é um a realidade e
está em funcionamento pleno sem apresentar nenhum problema. Ele explica
que muitas comunidades no Amazonas ainda não têm energia elétrica e o
projeto desenvolvido na RDS rio Negro pode ser aproveitado pelo Governo
do Estado e pela Eletrobras Amazonas Energia em outros locais.
Portal A Crítica.
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