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Algumas pessoas chama estes de “planetas habitáveis”, o que, claro, não
temos ideia se de fato são – diz Stephen Kane, astrônomo da
Universidade Estadual de San Francisco e líder da equipe internacional
responsável pela descoberta, publicada na edição desta semana da revista
“Science”. - Nós simplesmente sabemos que eles estão dentro da zona
habitável, e que este é o melhor lugar para começar a procurar por
planetas habitáveis.
O Kepler-186f foi descoberto com base nas
observações do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que entre 2009 e
2013 ficou permanentemente focado em uma pequena região do céu entre as
constelações de Lira e Cygnus (Cisne) apinhada com cerca de 150 mil
estrelas. Equipado com um fotômetro hipersensível, o Kepler era capaz de
detectar as ínfimas variações no brilho destas estrelas provocadas pelo
chamado “trânsito” dos planetas, isto é, quando eles passavam em frente
às estrelas de seu ponto de vista, e assim inferir sua existência. om
isso, os cientistas podem calcular não só o tamanho como o período
orbital e a distância que os planetas orbitam a estrela.
O método
do trânsito, no entanto, não fornece aos astrônomos dados relativos à
densidade e à massa dos planetas, fundamentais para saber se são
rochosos, como a Terra, ou gasosos, como os gigantes Júpiter, Saturno,
Urano e Netuno em nosso Sistema Solar. Kane, porém, destaca que se pode
especular que ele seria de fato rochoso a partir de informações
existentes sobre outros planetas extrassolares com tamanho similar.
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Aprendemos nos últimos anos que a uma transição definida que ocorre por
volta de 1,5 vez o raio da Terra – conta. - O que acontece é que entre
1,5 e 2 vezes o raio da Terra, o planeta se torna maciço o suficiente
para começar a acumular uma grossa atmosfera de hidrogênio e hélio, e
assim começar a ficar mais parecido com os gigantes gasosos de nosso
Sistema Solar do que com os que consideramos “planetas terrestres”.
Assim, há uma grande chance de que ele (o Kepler-186f ) tenha uma
superfície rochosa como a da Terra.
O Kepler-186f parece estar
orbitando sua estrela bem no limite externo da zona habitável, o que
significa que a eventual água líquida que exista em sua superfície pode
estar próxima do ponto de congelamento. Por outro lado, como o planeta é
um pouco maior que a Terra, ele também pode ter uma atmosfera um pouco
mais densa, o que provocaria um efeito estufa um pouco mais forte que o
faria quente o bastante para manter esta água líquida, ressalta Kane,
para quem as diferenças do Kepler-186f do nosso planeta são tão
fascinantes quanto suas prováveis semelhanças.
- Sempre estamos
procurando por planetas análogos da Terra, isto é, um planeta parecido
com a Terra na zona habitável de uma estrela parecida com o Sol, mas
aqui a situação é um pouco diferente, pois sua estrela é bem diferentes
de nosso Sol.
A Kepler-186 é uma estrela do tipo conhecido como
anã M, muito menor e mais fria que nosso Sol. Estas estrelas são as mais
comuns na Via Láctea e exibem características que as fazem as mais
promissoras para procurar por via além do Sistema Solar.
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Estrelas pequenas, por exemplo, vivem muito mais do que estrelas
maiores, o que significa que há um período de tempo muito maior para a
evolução biológica e as reações bioquímicas acontecerem em sua
superfície – lembra Kane.
Por outro lado, estas estrelas pequenas
também tendem a ser muito mais ativas do que estrelas com o tamanho do
Sol, produzindo mais erupções e potencialmente lançando mais tempestades
de radiação sobre a superfície dos planetas em torno delas.
- Mas
a diversidade destes planetas extrassolares é uma das coisas mais
excitantes neste campo de pequisas – considera Kane. - Estamos tentando
entender o quão comum é nosso Sistema Solar, e quanto mais diversidade
observamos, mais isso nos ajuda a responder esta questão.
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